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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Sem cortina: sobre a perversa trama do machismo

Por Erineide Souza de Oliveira*

Estamos inseridos numa sociedade onde as desigualdades entre homens e mulheres são alarmantes, cuja necessidade de intervenção se faz urgente. É com o objetivo de propor uma reflexão conjunta sobre a condição da mulher em nossa sociedade, que os convido a ponderar sobre como o cenário atual é dramático para nós, mulheres.
Ainda estamos morrendo por conta de uma estrutura social e cultural que tenta nos aniquilar. Para melhorar esse cenário de desvantagem, é preciso, entre outras ações, de mudança de postura e do envolvimento de uma sociedade inteira. É urgente discutir igualdade de oportunidades e de direitos nas relações de gênero em que os homens nos impõem força de violência e matam mulheres em escala crescente.
Sabemos que há muitos homens sensíveis a essa realidade, que lutam conosco por uma sociedade mais justa, onde mulheres não sejam mais sujeitadas à violência de gênero. É inegável que há um padrão posto, numa sociedade em cujas veias está entranhada a ideia de que os homens são superiores às mulheres e se sentem no direito de  ter domínio e violar nossos corpos.
Todas as violências às quais somos expostas nos matam um pouco das mais variadas formas. Algumas vezes conseguimos renascer de todas as amarras que nos são impostas pelo patriarcado. Muitas mulheres não tiveram e não têm a mesma condição. Todos os dias mulheres morrem e outras se calam pra sempre. Algumas em suas casas e, infelizmente, centenas e centenas em seus túmulos.
Assim, todas nós morremos um pouco, pela sensação de vulnerabilidade que nos invade, por empatia e porque somos potenciais vítimas desse sistema excludente e dessa cultura de machismo que mata. É importante ressaltar que a luta das mulheres, entre outras necessidades, é pelo direito de fazermos escolhas, de andarmos em segurança, de sermos olhadas como seres que têm desejo, e que merecem viver em plenitude, sem sermos submetidas ao controle masculino.
É equivocada a especulação de que estamos disputando com os homens. Não queremos os lugares dos homens, apenas queremos lugares (também). Diante desse cenário, é preciso ponderar que a construção de uma sociedade saudável só será possível se todos nós estivermos abertos para mudanças necessárias.
É imperioso repensar nossa cultura e reposicionar os homens nas relações abusivas que estabeleceram e ainda estabelecem com as mulheres. Rever nossas posturas e os papeis impostos socialmente, para homens e mulheres, são necessários para dar lugar a uma nova cultura onde as expressões de masculinidade não sejam tão agressivas e danosas para as mulheres.


*Erineide Souza de Oliveira é Assistente Social, Poeta e Feminista. 

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